Foi detido pela Polícia Federal
Brasileira, esta quinta-feira, um grupo de dez pessoas suspeito de
preparar ataques terroristas nos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. As
detenções ocorrem 15 dias antes do início das Olimpíadas. O grupo terá
sido recrutado pelo Daesh através da internet. Entre os presos, está um
menor de idade.
“Eles passaram de simples comentários sobre Estado Islâmico e terrorismo para actos preparatórios“,
disse o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em conferência de
imprensa esta tarde. As detenções tiveram lugar em 10 estados. De acordo
com o ministro, todos os detidos são cidadãos brasileiros e comunicavam
por apps de mensagens, como o Telegram.
As detenções foram autorizadas pela 14.ª
Vara Federal de Curitiba, no âmbito da Operação ‘Hashtag’, levada a
cabo pela Polícia Federal, na manhã desta quinta-feira. A investigação
apura a possível participação de brasileiros numa organização criminosa
de alcance internacional, como uma célula do Daesh naquele país.
Ministro da Justiça brasileiro fala
sobre Operação Hashtag De acordo com Alexandre de Moraes, foram
emitidos 12 mandados de prisão temporária por 30 dias podendo ser
prorrogados por mais 30. Os suspeitos revelaram “intolerância racial, de género e religiosa, bem como o uso de armas e tácticas de guerrilha para alcançar seus objectivos“, em escutas telefónicas.
Estas 10 detenções constituem as
primeiras feitas ao abrigo das leis antiterroristas, instauradas a 16 de
Março deste ano no Brasil, que prevêem como crime “promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pessoalmente ou por interposta pessoa, a organização terrorista” e “realizar actos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar tal delito“.
“Para assegurar o êxito da operação e
eventual realização de novas fases, os nomes dos presos, actualmente
sob custódia da Polícia Federal, não serão divulgados neste momento. O
processo tramita em segredo de Justiça“, diz a nota do Ministério da Justiça brasileiro.
O Presidente interino, Michel Temer, foi
informado esta quarta-feira da Operação ‘Hashtag’. Temer reuniu na
manhã desta quinta-feira com com os ministros da Justiça, Alexandre de
Moraes, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen,
e com o director-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra,
para acompanhar o desenvolvimento da operação antiterrorista, que contou
a cooperação de várias agências internacionais de inteligência.
No início de Julho, Alexandre Moraes
salientou que um ataque terrorista no Rio de Janeiro durante os Jogos
Olímpicos era uma “possibilidade”, mas “não uma probabilidade”. Para os
Jogos estão previstos 85.000 agentes de segurança, dos quais 47.000
polícias e 38.000 militares, de modo a assegurarem a segurança de 10.500
atletas, bem como de oficiais, jornalistas e turistas, na competição
que decorrerá de 05 a 21 de Agosto.
Terroristas sugerem formas de espalhar o terror
O Daesh e outro grupos ‘jihadistas’
apelaram para que os seus seguidores actuem solitários na realização de
ataques terroristas durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Dão
sugestões de alvos, como as delegações dos EUA, Inglaterra, França e
Israel, e até sugerem métodos para espalhar o terror durante as
Olimpíadas.
De acordo com o site Intelligence,
através da app de mensagens Telegram, os terroristas propõem a
utilização de drones com explosivos, acidentes de trânsito e o uso de
armas químicas, medicamentos e venenos para levar a cabo os ataques.
No passado mês de Junho o Daesh criou,
na app Telegram, o primeiro canal para divulgação de propaganda
‘jihadista’ em português, voltado, acima de tudo, para o público
brasileiro e tendo em vista a preparação de eventuais ataques durante os
Jogos Olímpicos. Os seguidores brasileiros do grupo passaram a
disseminar informação e a incitar a actos terroristas, e
autointitulam-se ‘Ansar al-Khilafah Brazil’.
O autor das mensagens dá ordens para que
os seguidores aproveitem a criminalidade das favelas do Rio de Janeiro e
para usarem a “porosa fronteira” com o Paraguai para transportarem
armas para o Brasil. “O recente post sobre os Jogos Olímpicos do Rio diz
que ‘vistos, entradas e viagens para o Brasil serão fáceis de obter'”,
diz o site Intelligence. A mesma fonte adianta que os ‘jihadistas’
utilizam o Telegram para fornecer manuais para realização de atentados e
celebrarem a realização de ataques.
Governo brasileiro monitoriza 100 suspeitos
O Governo e os serviços de inteligência
brasileiros monitorizam cerca de 100 pessoas suspeitas de serem
simpatizantes com o terrorismo naquele país. A Folha de São Paulo
apurou que a lista foi elaborada pelas autoridades, tendo em conta o
comportamento desses cidadãos, que são brasileiros e também estrangeiros
a viver no Brasil.
A grande maioria destes suspeitos está a
ser cuidadosamente observada depois de aceder mais de duas vezes a
portais ou peças de propaganda e conteúdo associado a grupos extremistas
islâmicos.
Um grupo mais pequeno (cerca de 10% dos
suspeitos) trata-se de pessoas que, nessas páginas, escreveram mensagens
mais desenvolvidas, elogiando iniciativas extremistas, ou
partilhando conteúdos que incitam ao terror.
Todos os suspeitos serão monitorados pelo menos até o fim dos Jogos Olímpicos, no dia 21 de Agosto.
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