ZIMBABWE: EM MANIFESTAÇÕES DEMOCRÁTICAS NÃO SE ATIRAM PEDRAS - moznoar

Breaking

Post Top Ad

Responsive Ads Here

Post Top Ad

Responsive Ads Here

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

ZIMBABWE: EM MANIFESTAÇÕES DEMOCRÁTICAS NÃO SE ATIRAM PEDRAS


O nosso pequeno mas pacífico país é diariamente ameaçado pelos grandes poderes gananciosos e preconceituosos cuja fome pelo domínio e controlo de outras nações e dos seus recursos não conhece limites. Robert Mugabe citado por Tom Burgis - A Pilhagem de África, 2016, p. 323.

Despreocupado fiquei quando mensagens postas a circular nas redes sociais davam conta de um hipotético golpe de Estado no Zimbabwe, pois sabia que se tratava de mais uma infrutífera campanha para derrubar o presidente Robert Mugabe do poder. Há mais de uma década que alguns países predadores procuram, recorrendo a todo o tipo de veneno, destruir as conquistas da independência do Zimbabwe. Mugabe resiste e persiste porque quase toda a população do país está com ele, exceptuando alguns lacaios e escumalhas que estão ao serviço desses países predadores. Esses arruaceiros têm dias contados no Zimbabwe. É mister o adágio shangana: “Quando não gostas do Régulo, migra.” O mesmo se aplica no caso do Zimbabwe: quem não gosta de Mugabe, migra.

Não são democráticos os que, sentindo-se injustiçados num processo de desenvolvimento democrático (sem a corrupção semântica do termo), atiram pedras contra edifícios públicos, queimam viaturas, pilham bens e matam compatriotas, cujo objectivo final consiste em derrubar o presidente Mugabe e apossar-se das riquezas do país, nomeadamente níquel, platina, ouro, diamantes e terras aráveis, até mesmo o POVO que outrora serviu de besta do colonialismo.

Nunca ouvi de nenhum panegirista desses países um comentário de condenação contra os seus “patrões” por terem colonizado o Zimbabwe. Foram 500 anos de escravatura e de chicotadas contra os zimbabweanos. O meu amigo Nkulu, poeta e historiador, lembra que “O chicote do tamanho de jiboia visitou todas as nádegas negras, sem discriminação de sexo. Na cultura africana, a nádega duma mulher é um talhão exclusivo do marido, mas o chicote do colono aí visitou e deixou rastos indeléveis. Na dor germinaram os rancores.”

Permita-me, caro leitor, um breve paralelismo com o comentário de Sérgio Vieira (citação de memória): “Os crimes de guerra não prescrevem. Até hoje antigos nazis são julgados e condenados. Gente de 90 anos é julgada e condenada. Ouvirem alguma vez um só colonialista português, uma só PIDE, um agente da Rodésia, um só agente da África do Sul do apartheid, ser procurado pelo Tribunal Pena Internacional? Uma só vez, meia vez, ¼ de vez, um centésimo de vez. São protegidos por quem?” (SV, STV, 15/08/2016, sublinhado meu).

Reconheço publicamente uma vantagem dos arruaceiros (acólitos dos países predadores) que é a fertilidade em destilar o ódio contra bons samaritanos (zimbabweanos seguidores de Mugabe). Aliás, o melhor que eles sabem fazer (panegiristas do mal) é criticar o líder carismático do povo (Mugabe), que libertou o país dos algozes ocidentais. E porque a bênção divina lhe assiste, mantém-se no poder contra todas as correntes do mal. Doa a quem doer, este é o veredicto da História: Mugabe está a dar uma valiosa lição de governação ao edificar pedra sobre pedra um Zimbabwe novo e próspero para todos os zimbabweanos e africanos em geral.

É evidente que nem tudo corre bem no Zimbabwe. O país viveu algum estado de graça proporcionado pelos antigos colonizadores. A falsa paz entre os antigos colonizadores e os escravizados durou pouco tempo, até que os negros um dia disseram basta: “queremos ser nós próprios a pilotar a naus da nossa vida.” Na verdade, a sentença já estava feita na antiga metrópole, só faltava a execução, caso a exigência do povo oprimido fosse a independência total e completa do país. E assim aconteceu: transformaram o Zimbabwe num país falido e falhado. Havia também a pretensão de confirmar o paradigma hegeliano, segundo o qual os africanos, sozinhos, não fazem História. Talvez o único erro de Mugabe foi o de acreditar na falsa santidade dos antigos imperialistas. De facto, Mugabe ignorara, nesse estádio, a lição de ouro: “Nunca se pede aos inimigos da liberdade, que sejam os fiadores dela.”

Enquanto propriedade da antiga potência colonizadora, Zimbabwe prosperou assente numa riqueza fictícia. Os farmeiros brancos actuavam como “pontas de lança” dos poderes económicos e políticos instalados nas grandes metrópoles ocidentais, com enfoque para Londres. Os indicadores económicos positivos escondiam a nudez da escravatura e da selvajaria que impunham ao povo zimbabweano. Ou seja, uma grande maioria da população negra tinha o que comer mercê do trabalho forçado (xibalo) nas extensões de terras dos farmeiros brancos. Contudo, carregavam consigo uma mágoa e rancor que ainda hoje permanecem indeléveis no coração dos zimbabweanos.

O povo deve compreender que o que gostaríamos que acontecesse supera sempre o que acontece. É por isso que nascem inconformismos e desafios. Se a luta de Mugabe fosse apenas contra a pobreza, penso que Zimbabwe seria hoje o celeiro do mundo. Infelizmente existe outros empecilhos que devem ser removidos, entre os quais a vontade dos países predadores ocidentais de conquistar e dominar o povo pela via de manifestações de rua, chantagens políticas, criação de partidos e políticos fantoches, sanções e embargos económicos, etc., que culminarão com a usurpação do coquetel de recursos que o país depõe em abundância. Há que concordar com a frase do economista americano James Galbraith “O paciente está a recuperar de uma doença mortal e ainda assim a imprensa está a atacar o remédio...”

Alguma vez eu disse aos meus leitores o seguinte: Existe uma forte neura contra o presidente Mugabe. O objectivo não é apenas derrubar Mugabe, mas, sim, fazer do Zimbabwe um rampa para invadirem os países africanos portadores de importantes recursos naturais. Eis uma lição para Moçambique.

Zicomo e um forte abraço nhúngue ao Quembo, amigo da velha guarda.

P.S.: Federalismo em Moçambique, na actual conjuntura política? Experimentem. Seria o mesmo que entregar a chave do galinheiro (país) ao lobo (braço armado da Renamo). Lembre-se, caro leitor, que um bandido nunca aposenta.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Post Top Ad

Responsive Ads Here