No dia da tomada de posse do novo líder do Mundo Livre, o Economia ao Minuto levanta o véu sobre as finanças pessoais do multimilionário que mais dinheiro perde.
A carreira de Donald Trump está polvilhada de sucessos. As presenças
rentáveis em filmes e a criação do programa de televisão 'The Apprentice', os
ganhos em alguns casinos e a criação da marca global Trump saltam à vista mas
mais do que vitórias, a vida profissional do presidente eleito dos Estados
Unidos está recheada de falhanços estrondosos, que provocaram 'buracos'
financeiros de muitos milhões.
Curiosamente, como explica a CNN, as enormes somas
perdidas em negócios não impedem Donald Trump de ser multimilionário e manter
dezenas de propriedades. Mas como é que o presidente eleito dos Estados Unidos
consegue ser multimilionário quando em toda a carreira já perdeu muito mais
dinheiro do que alguma vez teve?
A explicação é 'sui generis' e prende-se com as regras
fiscais dos Estados Unidos, incrivelmente protecionistas com o capitalismo.
Nos anos 90 do século XX, época em que o jovem Donald
começou a investir no mercado imobiliário com ajuda dos empréstimos
multimilionários do pai, as leis eram muito protetoras: mesmo que o dinheiro
investido fosse emprestado por empresas, investidores ou bancos, o empresário
que liderasse o projeto podia reclamar créditos fiscais pela totalidade do
dinheiro perdido um investimento falhado.
Por exemplo: se Donald Trump investisse um milhão de
euros e recebesse 99 milhões de euros emprestados, teria direito a um crédito
fiscal de 100 milhões de euros, mesmo só tendo perdido 1% do investimento. Pelo
contrário, quem perdesse o resto do dinheiro seria obrigado a reportar as
perdas ou a perdoar a dívida, pagando ainda assim os impostos aplicáveis.
No caso de Trump, as declarações de IRS obtidas pelo New
York Times mostram que já em 1995, o presidente eleito dos Estados
Unidos reclamava créditos ao Fisco de 916 milhões de dólares (860 milhões de
euros) por prejuízos que terão sido de muitas outras pessoas. É verdade que
Donald Trump também perdeu uma parte deste dinheiro, mas recuperou as poucas
perdas com a possibilidade de escapar ao IRS quando tinha lucros tributáveis.
É preciso salientar que, até ao momento, as várias
investigações do IRS norte-americano não encontraram nenhuma ilegalidade, mas
as declarações mais recentes não são conhecidas. A não-divulgação dos
documentos gerou muita polémica durante a campanha eleitoral, com Hillary
Clinton a reclamar a publicação e Trump a garantir que não podia fazê-lo por
estar sob investigação (a afirmação de Trump foi múltiplas vezes negada pelo
Fisco, uma vez que não existe qualquer limitação legal à divulgação das
declarações).
Os alívios fiscais dos ricos são ainda mais inexplicáveis
tendo em conta que a classe média não pode ter o mesmo tipo de benefícios. A
CNN lembra, por exemplo, que os créditos fiscais para quem tenha rendimentos
mais baixos são menos benéficos: as perdas em investimentos como ações só podem
ser deduzidas até 2.800 euros, as rendas e dividendos não são alvo de alívio e
a venda de casas a preços menores do que a compra também não dão direito a
crédito fiscal; os lucros nestas operações, no entanto, obrigam ao pagamento de
impostos.
Mesmo com as alterações no código fiscal durante a
presidência de Barack Obama, que mudaram ligeiramente o 'fosso' de vantagens
dos ricos face aos mais pobres, o Fisco norte-americano continua a ser
ultra-protetor com os 'mestres da falência' como Donald Trump e altamente
penalizador com os cidadãos comuns.
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